“Mas Telma, como educar meu filho se a falta de paciência, a desobediência, as birras e os choros me faz perder o controle e gritar com a criança?”
Esta é a dúvida que mais recebo dos pais quando querem mudar o comportamento dos filhos.
Um dos maiores aprendizados que me tirou de uma vida desgastante entre gritos e falar mil vezes e não ser ouvida foi compreender o que estava por trás do comportamento infantil e conhecer outras formas respeitosas de como educar meu filho.
Desde então descobri o que é ser respeitada e ouvida ao me relacionar com os meus filhos. E isso mudou completamente a minha experiência como mãe !
Sem trazer receita de bolo ou fórmula perfeita, hoje eu quero apresentar a você maneiras mais empáticas e acolhedoras de como educar seu filho, muito além dos gritos e das ameaças.
Como educar meu filho sem precisar gritar?
Por não saber outra forma de educar, é muito comum os pais gritarem com os filhos na tentativa de conseguir a colaboração deles, sendo que o resultado quase sempre é a rebelião e a “desobediência”.
Você não sabe, mas a verdade é que os gritos afetam a mesma área do cérebro que bater, pois, ativam a amígdala cerebral que faz parte do sistema límbico responsável pela proteção da vida.
E quando gritamos nós ativamos o modo “luta e fuga” em nossos filhos que reagem com comportamentos desafiadores com “birras” e “desobediências”.
O que você já deve ter percebido é que no dia seguinte tudo começa de novo e outra vez você perde paciência, grita e se descontrola e se pergunta: “Como educar meu filho, não aguento mais gritar e o meu filho não me escutar!”
Calma, você chegou aqui porque reconhece que precisa aprender o que ainda não sabe sobre educar o seu filho com respeito e empatia e é sobre isso que falaremos a seguir.
Para sair deste ciclo desgastante e frustrante de educar o seu filho, conheça atitudes poderosas para ajudar você a educar o seu filho com afeto, empatia e limites respeitosos.
1. Fale olhando nos olhos
Olhar nos olhos faz a diferença. Demonstra atenção, cuidado e interesse no que a criança pensa e sente. Essa atitude também vai ajudar você a identificar mais facilmente as necessidades do seu filho.
Que tal se a partir de agora, em vez de gritar do outro cômodo da casa, você simplesmente parar, ir onde está seu filho, abaixar na altura dele e pedir o que precisa olhando nos olhos?
A expressão facial é uma poderosa forma de comunicação e os olhos transmitem o que sentimos. Ao buscar o olhar da criança, você comunica que ela é importante e traz a atenção dela para você.
Além disso, nesta troca de olhares, ela se acalma e presta atenção ao que você tem a dizer.
Aproveite também para escutar o que seu filho tem a dizer.
2. Verifique se a criança compreendeu o seu pedido
Peça para seu filho repetir o que você pediu ou explicou, essa é uma excelente forma de verificar se ele compreendeu sua mensagem, por exemplo:
“Filha, está na hora de guardar seus brinquedos!
— Mas por que mamãe? Eu vou brincar amanhã!
— Filha, é importante guardar os seus brinquedos porque se eles ficarem no meio da casa, alguém pode tropeçar e se machucar, precisamos tirá-los do meio do caminho que todos passam. E precisamos guardar no lugar certo, porque assim sempre saberemos onde eles estão e poderemos encontrar quando quisermos. Vamos juntas começar a guardar?”
Perceba que com este exemplo, ficou muito mais convidativo a criança colaborar porque ela compreendeu a importância de guardar os brinquedos.
O caminho mais fácil sempre será só mandar fazer as coisas, mas educar, treinar a habilidade de guardar os próprios brinquedos, passa por explicar a importância, ensinar como fazê-lo e repetir junto com a criança durante um tempo até que vire um hábito e ela seja capaz de fazer sozinha.
3. Atente para a forma como você fala
O nosso tom de voz é reconhecido pelo sistema nervoso de outro ser humano. Somos seres sociáveis e capazes de reconhecer ameaças em um ambiente somente pelo tom de voz de uma pessoa.
Se você fala sempre em um tom duro e agressivo, o cérebro do seu filho reconhece uma ameaça e entra no estado de defesa, chamado de “luta ou fuga” e isso dificulta que ele te escute ou que aprenda algo nessa hora.
Toda vez que você grita, tem um comportamento autoritário e mandão, você causa medo e se distancia do seu filho.
Eu sei que você está cansado(a), que são inúmeras responsabilidades e compromissos para resolver, eu sei que você tem trabalho, cônjuge, crianças, mas continuar agindo no automático com gritos e imposições só vai atrapalhar a sua conexão com o seu filho, o que impacta diretamente no comportamento dele também.
E como sempre falo, a infância passa rápido e não tem replay, a hora de você aprender o que ainda não sabe para fazer diferente é agora.
Se você quer realmente ser ouvido(a), será preciso treinar novas formas de agir.
4. Faça o pedido de forma positiva
O nosso cérebro não entende a palavra “NÃO”, veja só um exemplo:
Não pense num porco rosa! Você já pensou, não foi? Por quê?
Porque o nosso cérebro pensa naquilo que eu não tenho que fazer, para depois pensar no que eu preciso fazer.
São dois comandos ao mesmo tempo, e isso gera uma confusão. Porque se para os adultos processarem a informação já é difícil, imagina para uma criança.
Você precisa aprender a solicitar a ação que você espera da criança e não o que você não quer.
Então em vez de dizer:
“Filho, não joga o seu brinquedo no chão”, diga:
“Filho, guarde seus brinquedos na caixa de brinquedos por favor.”
Quando fazemos um pedido afirmativo, a criança entende muito melhor e tende a colaborar mais com você.
5. Reflita antes de responder “NÃO”
Experimente tirar um pouco o NÃO automático das suas respostas.
As crianças fazem muitos pedidos ao longo do dia. Posso tomar sorvete? Posso ver desenho? Posso ir à piscina? E o que acontece? Você está sempre ocupado(a), fazendo mil coisas e automaticamente responde: NÃO.
Sendo que, na verdade, você nem ouviu o que a criança quer e o NÃO já sai automático.
O problema é que agindo no automático você fala NÃO até para o que poderia ser um SIM, não é mesmo?
Após repensar a sua resposta, você volta atrás e o que poderia ser um sim, se transformou em um NÃO sem necessidade.
Nisso você se frustra porque não conseguiu educar o seu filho com firmeza e então se pergunta:
— “E agora Telma? Mas como educar meu filho com gentileza, vou dizer SIM, para tudo que ele quiser?”
Claro que não é disso que estou falando.
Estou falando para você parar de responder o NÃO de forma automática e repensar o que poderia dizer sim.
Vou te dar um exemplo:
Um pouco antes do almoço seu filho vira para você e diz que quer tomar um sorvete.
Em vez de falar no automático “NÃO” experimente dizer:
“Filho, eu sei que você adora sorvete e é uma delícia mesmo. Agora vamos almoçar. Você pode tomar sorvete depois do almoço, ok?”
Desta forma você responde que não, sem usar a palavra NÃO. Você está sendo firme e educando o seu filho com limites respeitosos e gentis.
Conclusão
Gostou do artigo? Estas são apenas umas das formas poderosas para quebrar ciclos de gritos e falta de paciência, mas que funcionam positivamente quando treinadas no dia a dia.
Assim como você está aprendendo uma nova maneira de agir, considere que o seu filho também vai precisar deste tempo para aprender a colaborar com você.
Respeite o tempo de aprendizado, não desista na primeira tentativa.
Compreender o funcionamento do cérebro infantil vai te ajudar ainda mais nessa missão de aprender a fazer diferente.
Caso queira compreender mais profundamente sobre o impacto de suas atitudes no desenvolvimento físico e emocional do seu filho do relacionamento entre pais e filhos indico a leitura do mais novo best seller “Educar é um ato de amor, mas também é ciência”.
Em uma linguagem super simples e acessível você terá a oportunidade de mergulhar nas neurociências do comportamento infantil, um assunto tão importante e necessário em nossos dias para o desenvolvimento e crescimento saudável e próspero do seu filho.
Até o próximo artigo.
Um grande beijo!
Telma Abrahão
Respostas de 4
Sou dessas não tenho paciência nenhuma com minha filha de dois anos não PK não quero e sim PK estou tão cansada que acho que ela com essa idade vai conseguir entender de primeira o que quero e não é assim ainda mais para uma criança de dois anos porém muitas vezes não quero gritar mas quando vejo já estou fazendo isso e percebo que isso não faz com que ela me respeite porém as vezes não consigo e sei que é errado PK minha mãe nunca gritou comigo
Muito interessante precisei ler para aprender obg
Achei bem interessente sou um dessa maes q grita
Muito obrigada, vou compartilhar com os pais das crianças que atendo. Muito importantes todas as explicações