Perder a paciência, castigar, ameaçar pode ter ajudado você em alguns momentos desafiadores com o seu filho, mas já percebeu que as coisas não melhoram com o passar do tempo?
Continua comigo que nas próximas linhas você vai entender a raiz do “mau comportamento” infantil.
Educar filhos nos tira do modo automático
Uma das tarefas mais desafiadoras que os pais têm na vida é a de como educar seus filhos para se tornarem adultos seguros, respeitosos, prósperos e responsáveis no futuro.
O problema é que, em geral, não nos propomos a aprender como educar nossos filhos da mesma forma como nos dedicamos a aprender uma profissão ou a fazer a gestão de uma empresa.
Quando somos donos de um negócio, investimos tempo e dinheiro para contratar as pessoas certas.
Para ver a empresa crescer, somos cuidadosos ao tratar os funcionários e os clientes, nos empenhamos ao máximo para não fazer escolhas erradas.
Sem dizer que buscamos constantemente nos aprimorar para nos mantermos firmes e fortes no nosso propósito.
Porém, quando se trata de educar nossos filhos, geralmente não conseguimos porque acabamos repetindo o que nos foi ensinado. É mais fácil e mais rápido do que mudar nossos padrões.
Aprendemos com as gerações passadas que os castigos, as punições e ameaças eram formas normais de se educar uma criança.
Se você olhar para dentro de si, perceberá que existem inúmeros problemas de autoestima, distorções em seu senso de capacidade, crenças limitantes, medo de não conseguir prosperar, de não ser suficiente ou ainda de precisar ser perfeito para ser amado. E muitos desses traços são desenvolvidos por uma educação autoritária, por excesso de castigos e de punição na infância.
E se você se sente assim, não é porque seus pais eram ruins, mas sim porque fizeram o melhor que podiam com o que sabiam.
Reconhecer isso é super importante para você não culpar os seus pais, já que também trazem uma bagagem emocional e uma história de vida carregada de culpa e castigos.
Mas, o bom é que você não precisa repetir este ciclo de dor e sofrimento com o seu filho. Somos seres verdadeiramente autônomos quando nos tornamos adultos.
Esta liberdade nos permite fazer novas escolhas e tomar novos rumos para construir uma nova história a partir da tomada de consciência.
O que os pais normalmente fazem para educar seus filhos?
Na tentativa de conseguir a colaboração dos filhos, os pais gritam, ameaçam, castigam, comparam e punem sem perceber o quanto estes comportamentos os afastam ainda mais dos seus filhos.
Abaixo explico melhor cada um destes tipos de comportamentos que estimulam as brigas, “desobediência” e até ao final deste artigo eu vou revelar importantes estratégias de como educar seus filhos de forma emocionalmente saudável.
1. Castigos
Castigos perpetuam o “mau” comportamento em vez de ajudar a melhorá-lo, pois convidam a criança à rebelião e não à colaboração.
Você não percebe, mas essa criança é a que mais precisa de amor, de atenção, de se sentir pertencida. E este é um das causas de entrar no ciclo vicioso de castigo x rebelião x mais castigos e mais rebelião.
Quando uma criança “errar”, ensine-a a pensar e a tomar melhores decisões da próxima vez e isso leva tempo e repetição, pois nascemos com um cérebro imaturo e precisamos da ajuda de nossos pais para aprendermos e nos desenvolvermos
2. Ameaça
Ameaçar uma criança na tentativa de conseguir a colaboração dela para guardar os brinquedos, tomar banho causa medo e coloca o sistema nervoso da criança em estado de alerta , o que a leva a chorar ou se comportar pior.
Veja estas frases abaixo:
“Se você não guardar os seus brinquedos, eu vou jogar tudo fora”
“Se você não tomar banho não vai sair para o parque”
“Se você não comer tudo, não ganha um chocolate”
Estes tipos de frases podem até fazer a criança atender às suas expectativas na hora, mas a longo prazo não ensina a criança a agir porque entendeu o que precisa ser feito, mas sim porque sente medo.
3. Comparações
É muito comum os pais buscarem a colaboração do filho incentivando a competição entre irmãos ou amigos.
Por mais que tenham o objetivo de estimular a iniciativa na criança, a comparação entre irmãos e amigos só piora o relacionamento em família.
“Sua irmã não faz mais xixi na cama, e você ainda faz”,
“Seu amigo já aprendeu a escrever e você não.”
Evite comparações, cada pessoa é única e não deve ser comparada a ninguém. Em vez disso, encontre maneiras de desenvolver os pontos fracos do seu filho. Frases como estas abaixo podem ser um bom começo para você, veja:
“Você estudou e foi melhor na prova, parabéns pelo seu esforço! “
“Uau, você conseguiu andar de bicicleta sozinho. Como você se sente com esta conquista?”
Continue a leitura que mais a frente você vai conhecer como educar seus filhos respeitosamente.
4. Rotulações
Rótulos transformam as crianças em quem elas não são, veja este exemplo:
“Que menino terrível! Que menina chata!”.
Quando pequenos, os filhos acreditam no que escutam de seus pais, pois “se papai e mamãe falaram então eu devo ser isso mesmo” e tendem a se tornar exatamente o que ouviram a infância inteira.
Foque no positivo em vez de focar no negativo. Reforce o que seu filho tem de bom e ajude-o a desenvolver seus pontos fracos.
Como educar seus filhos: estratégias práticas para desenvolver importantes habilidades nos seus filhos
Até agora conversamos sobre o que fazemos consciente ou inconsciente na tentativa de conseguir a colaboração dos nossos filhos.
Então você deve está se perguntando… Mas, e na prática, como agir?
Preciso reforçar que, antes de esperarmos mudanças positivas no comportamento dos nossos filhos, primeiramente, precisamos melhorar a nossa relação com eles.
E isso começa a partir do nosso olhar para as necessidades deles, o grande desejo de pertencimento e conexão que sentem ao manifestar emoções.
Confira algumas das importantes estratégias para você usar com o seu filho hoje mesmo:
1. Valide as emoções e foque em soluções
A criança ainda não tem maturidade emocional para reconhecer as próprias emoções, mas você pode fazer isso e ajudá-la a se acalmar.
Reconhecer as emoções do seu filho quando ele faz algo que você considera errado, por exemplo quando ele deixa um prato cair e quebrar. Em vez de castigar por algo que é natural do processo de aprendizado infantil você pode validar as emoções da criança e focar em soluções.
Veja estes exemplos:
“Eu sei que você ficou assustado por ter deixado o prato cair. Podemos limpar isso juntos. E que tal segurar o prato mais firme da próxima vez, filho? Vidro pode machucar”
ou ainda
“Tenho certeza de que você consegue carregar esse prato sozinho, mas o vidro quebra e precisamos ter muita atenção e cuidado para evitar que isso aconteça.”
Percebe a diferença entre sair gritando ou castigando?
Ao dizer estas palavras com o seu filho, você vai demonstrar que confia em sua capacidade. E se sentir capaz e útil é muito importante para o ser humano.
2. Desenvolva a autoestima do seu filho com o encorajamento
Encorajar significa inspirar com coragem. Um dos pilares fundamentais para ajudar as crianças a desenvolverem o senso de capacidade e a autoestima.
Funcione como um treinador para seu filho e não um castrador. Você também erra muito todos os dias.
Erros são grandes oportunidades de aprendizado e não motivos para castigos, ameaças, punições e agressões.
Experimente olhar para as qualidades dos seus filhos e escolha reforçar os pontos fortes e ajudá-los a melhorar os pontos fracos, em vez de focar só nos pontos negativos.
Tudo aquilo que focamos e colocamos uma “lupa” tende a crescer, então, dê mais importância ao que seus filhos fazem de bom e reforce os pontos positivos.
Aproveite esta oportunidade para ensinar uma importante habilidade de vida, ajudando essa criança a buscar uma solução para os problemas que ela está enfrentando.
Ao validar estas emoções e encorajá-la, a criança vai sentir que não importa o que aconteça você sempre o amará.
3. Faça combinados em tom calmo e gentil
Os combinados ajudam a criança a saber o que esperar de uma determinada situação, aumenta a confiança entre pais e filhos, ensina as crianças a entender a importância da palavra, além de colocar limites de forma respeitosa.
Veja este exemplo:
“Vamos ao shopping por uma hora, apenas para passear e tomar um sorvete. Não vamos comprar brinquedos hoje. E quando eu falar que chegou a hora de voltar para casa, vamos embora. Combinado?”
Tomar consciência de como nossas palavras e atitudes impactam a autoimagem e percepção de mundo de uma criança é fundamental.
Precisamos lembrar que somos o adulto nesta relação e a responsabilidade pelo bem-estar da família é do adulto e não da criança. Crianças precisam ser cuidadas e guiadas com afeto e respeito por seus pais.
O que acontece na infância não fica na infância. Segue com a criança até sua vida adulta e impacta o relacionamento que esse adulto terá consigo e com outras pessoas.
Mesmo com o seu apoio e validação a criança pode continuar frustrada por ainda não possuir recursos emocionais para lidar com o que sente. Ela precisa de sua ajuda para aprender.
Não tenha receio de dar colo e acolher seu filho nesse momento, muitos pais acreditam que se agirem assim seus filhos ficarão mimados, mas não.
Na verdade, você está mantendo o limite estabelecido, porém de forma empática.
Crianças não são seres malvados, manipuladores ou que nasceram para “atacar” seus pais.
Elas são pequenos seres humanos, com um cérebro ainda em desenvolvimento, com vontade de aprender e especialmente de se sentirem úteis, capazes e amados por seus pais.
Abra espaço para se conectar com sua criança, sem precisar se proteger dela. Ela não quer te manipular, nem te atacar. Ela quer ser amada e compreendida por você!
CONCLUSÃO
Quando as crianças se “comportam mal”, elas querem comunicar algo aos pais, porém fazem isso da forma que conseguem e que acaba sendo considerada negativa pelos pais.
Claro que elas precisam ser orientadas, mas quando nos conectamos com empatia e guiamos a criança para que ela aprenda e se desenvolva com segurança emocional, ela se torna um futuro adulto responsável, seguro e com boa auto estima.
Gostou do tema e deseja buscar mais conhecimento?
Para você se aprofundar mais na educação dos filhos e aprender maneiras respeitosas de como educar seus filhos recomendo a leitura do best seller que já impactou e transformou milhares de famílias: “Pais que evoluem“.
Com uma abordagem prática neste livro você vai aprender desde a importância do autoconhecimento para educar seus filhos até o aprofundamento destas estratégias que mencionei no artigo e de outras com exemplos ainda mais práticos para transformar a sua relação com o seu filho.
Até o próximo artigo!
Um beijo,
Telma Abrahão
